domingo, 4 de agosto de 2013

A ação de crer não é só para os vivos

"Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;"

João 11:25

Nunca havia entendido esse texto muito bem até ler o que diz W.J.Seaton sobre a depravação total em seu livro Os cinco pontos do Calvinismo. Não precisa fazer muito esforço para chegar a conclusão de que só os vivos tem a capacidade de praticar ação. A professora Gedini explica que: Um verbo de ação caracteriza uma atividade expressa por um sujeito agente. Indica um fazer por parte desse sujeito, que tem traços de atividade - um sujeito que age, realiza ações. Um morto não é um sujeito agente, portanto conclui-se que não terá ação. Como explicar então a frase dita por Jesus. 
A indagação lógica que tive deste texto foi a seguinte: um sujeito que está submetido à morte não pode corresponder ao chamado à fé se não apresentar um mínimo se quer de vida para que tal ato seja possível. Desta forma, Jesus queria enfatizar a sua força sobre a morte e poder que tinha de ressuscitar Lázaro ( c.f. Jo 11.41-45), daí a frase "Eu sou a ressurreição e a vida". Eis o milagre que Cristo fez e o próprio texto esclarece. Mas o que dizer sobre "quem crê em mim, ainda que esteja morto...", sendo que o sujeito agente é incapaz de demonstrar ação?
Sobre esse assunto é interessante nos debruçarmos sobre a explicação W.J.Seaton: 

Esse então é o estado natural do homem. Portanto, devemos perguntar: podem os MORTOS se levantar? Podem os CEGOS dar-se visão, ou os SURDOS audição? (...) Podem os PECAMINOSOS POR NATUREZA mudar a si mesmos? Certamente que não! "Quem do imundo tirará o puro?" pergunta Jó; e reponde, "Ninguém!" (Jó 14:4). "Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas?" pergunta Jeremias; "Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal." (Jer. 13.23). Poderia a Palavra de Deus mostar mais claramente do que faz, que a depravação é total? O quadro de morte - morte espiritual. 

Segundo a citação acima Cristo se referia a uma morte espiritual, por isso o autor compara "somos como Lázaro se seu túmulo de morte; (...). Assim como não havia qualquer lampejo de vida no corpo morto de Lázaro, assim também não há "centelha interna receptiva" em nossos corações". E finaliza: Mas o senhor opera milagre - tanto com o fisicamente morto, quanto com o espiritualmente morto; pois "vos vivificou estando vós mortos em ofensas e pecados". (Ef. 2:1).  

Minha iluminação e desvelamento do texto vem do texto de Paulo supracitado, e que ponho-o junto aos demais versículos pra fecha meu pensamento e dizer que: 

(Deus) vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,

Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência;
Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),

Efésios 2:1-5

Por fim, digo que a fé que em nós é gerada nada mais é do que a ação do Espírito de Cristo como agente vivificador (Rm 5:5). É esse Espírito quem nos levar a compreensão da Palavra de Deus, isso por conta do amor que ele traz da parte de Deus e é derramado em nossos corações. Amor esse que foi provado quando Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores (v.8).



Referência



Gedini: O que significa um verbo de ação. Disponível em: <http://www.lpeu.com.br/q/ksunl>;  


Rev.Neemias Reinaux Gomes <http://ministerio-cristaos-reformados.blogspot.com.br/2010/08/o-que-tulip-explica-parte-1-as-igrejas_6376.html>

W.J.Seaton:  Os cinco pontos do Calvinismo. Editora PES. São Paulo,  p. 7-8.

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